Tuesday, November 24, 2009

Voltando aos bons hábitos

O tempo está passando rápido demais e eu estou começando a ter a sensação de que se eu deixar correr solto, não vou aproveitar Dublin tanto quanto aproveitei Paris - ao menos, depois que comecei a ter amigos e amigas franceses.

Por isso, aqui estou eu, 8 horas da noite, esperando o curso de principiantes terminar par ter minha aula na classe dos intermediários.

E depois... milonga.

A coisa maravilhosa do tango é que você muda de país, muda de idioma, mas a linguagem é a mesma, o que lhe proporciona aquela benfazeja sensação de pertencimento, mesmo que você seja um absoluto desconhecido: eu faço parte desta comunidade. E brevemente, tenho certeza, terei pessoas ao meu redor para conversar, e não apenas sobre tango.

Pois, embora dançar seja uma delícia - uma das melhores terapias que eu conheço - o meu objetivo confesso é conhecer pessoas. Ter amigos. E, principalmente, amigas, já que Chéri é o meu melhor amigo. Mas uma amiga faz falta, e como!

Então, lá vou eu.

Sunday, November 15, 2009

Viver no Exterior

Viver no Exterior é um desafio. Oh, eu não estou falando de viver fora do Brasil. Estou falando de viver longe de seu país. Seja o Brasil para brasileiros, a França para franceses, a Jamaica para jamaicanos. Viver no Exterior. Aprender - a conviver e a respeitar - uma cultura diferente.

Engraçado que quando fui para a França, embora apenas arranhasse a língua, não senti muito desconforto. Os parisienses - ao contrário do que reza a lenda - foram super-simpáticos comigo. Tão logo observavam minha dificuldade com o idioma, prontificavam-se a falar comigo em inglês - para meu horror, que queria porque queria falar em francês.

A língua inglesa não é exatamente estranha para mim - como para uma parcela de brasileiros. Minha filha, que trabalha em uma butique de luxo em Paris, foi indagada se o inglês é a segunda língua oficial do Brasil, porque os brasileiros afortunados que vão comprar na tal butique se exprimem perfeitamente em inglês.

Mas, voltando ao núcleo duro do assunto, o que eu quero dizer é que viver fora de seu país de origem é uma oportunidade maravilhosa de conhecer outros modos de vida - que funcionam. É uma perda de tempo se instalar em outro país e não mergulhar nele. Tenho uma colega no Itamaraty que serviu na Turquia e aprendeu o idioma turco. Eu mesma, se um dia for mandada pra Israel, aprenderei iidich; e se for para o Magreb (sabe, aqueles países no Norte da África, Marrocos, Argélia, Tunísia), aprenderei árabe, embora não seja necessário, porque eles também se exprimem em francês e em inglês. Mas, pôxa, não vou perder essa oportunidade!

Bla-bla-bla à parte, quero dizer que passei meu domingo mergulhada na Irlanda. Cheguei hoje de manhã à página 590 do livro The Princes of Ireland, de Edward Rutherfurd (bacana, faltam só 186 páginas para terminar o épico, que, aliás, recomendo). Enquanto passava minha roupa (ah sim, empregada doméstica aqui não é fácil e barata como no Brasil) ouvia o audio-book De Profundis, de Oscar Wilde. E depois do almoço assisti o DVD In the name of the father. Agora, enquanto escrevo este post, estou ouvindo a trilha sonora do filme Once e bebericando guaraná misturado com whiskey Jameson.

"Que exagerada!",você dirá, talvez com razão. Mas o fato é que faria o mesmo se estivesse na China ou no Paquistão.

Curiosa, curiosa, curiosa.

Como minha nora, inglesa, que aprendeu português como língua optativa na faculdade, por causa do marido dela (o meu filho). Ou como meu genro, francês, que sonha em comprar um pied-à-terre no interior do Rio de Janeiro, por causa da mulher dele (a minha filha).

Mas, voltando - de novo - ao assunto principal: será que é assim tão difícil respeitar o modo de viver dos outros?

Eu acho que esse planeta está ficando pequeno demais para a minha aquariana curiosidade.

Monday, November 9, 2009

Dublin



Minha amiga Soraia comentou no Facebook que o filme Once fez ela achar que Dublin é uma cidade depressiva. Mais pas du tout!, ou melhor Not at all! Ao contrário, é uma cidade que pega fogo, no sentido que você bem entender.

Expliquei pra ela: "para vc ter uma idéia, 50% da população tem menos de 25 anos. Uma cidade muito animada. Chove e venta muito, é verdade, mas as meninas compensam usando roupas muito coloridas. Pintam o cabelo de azul ou de rosa, usam meias rosa choque, são extravagantes. Falam e riem alto. A população em geral é muito gentil com os estrangeiros. Como muitos brasileiros, que dizem "vai com Deus, fica com Deus", eles dizem "God bless you" ao se despedir. E são muito conversadores.